quinta-feira, 28 de abril de 2011

Soberba!


- Salve zi fia, mana véia de labuta e mandinga! Pois bem, foi solicitado ao meu aparelhinho que fizesse a ponte para uma pequena passagem para os teus escritos. Orientaram-nos claramente que deveríamos clarear as idéias dos filhos sobre a soberba, a arrogância. Dessa forma, este preto velho veio fazer um pouco daquilo que se pode dizer nesse momento.

Mana, podemos ficar falando por luas e luas e talvez não chegaremos a um ponto que agrade ao lado de cá e ao lado de lá das águas da vida do Grande Zambi, enquanto ficamos olhando apenas para a forma e não para a essência. O consenso vai haver quando conseguirmos decifrar uma partícula desse mistério, que é a vida. Quando olhamos nosso irmão, enxergamos sempre a casca. Sabemos identificar a cor dos olhos, ignorando, no entanto, o que eles nos mostram, pois são as janelas do coração.

- Nego quer dizer que, se pararmos para observar uma criança, um curuminho desses que nascem com muita sabedoria, talvez aprenderemos mais do que se lermos dúzias e dúzias de livros. Como? Neles não existe aquilo com que os adultos se preocupam tanto: “ter” e “poder”. Os “crescidos”, acostumados e conduzidos por esse pensamento durante muitas e longas luas, acabaram se esquecendo da pureza do “ser”.

- Sim, mana, esses pequenos nos ensinam a todo instante que tanto o branco quanto o negro, tanto o pobre quanto o rico, qualquer que seja a “classificação” que nosso irmão tenha nos olhos humanos, o que vale é o sentimento, é aquela partícula divina, parte de Sua centelha que nos acende e faz nossas vidas serem o que são.

A visão dos pequenos é desprovida de valores materiais e terrenos, portanto, incapaz de manifestar a arrogância, a soberba. A cada dia que passa deveríamos aprender mais com eles, porém, infelizmente, acabamos fazendo-os perder a capacidade de sentir a pureza, de ver que não podemos mais ver, ou seja, destruímos neles aquilo que poderia ser a nossa salvação.

Então, mesmo sabendo que muito se tem falado por intermédio de passagens astrais, muito se tem pregado sobre o amor e também sobre a espiritualidade, é preciso reforçar sempre que esse sentimento, o da soberba, se fez por enrijecimento e desistência de alguns propósitos reais da vida, de muitos e por muito tempo. Por isso é que esse Nego Velho vem apenas para deixar nessa pequena dita um chamamento de atenção: observem e aprendam com os pequenos, pelo muito da grande verdade do Universo que nos ensinam se soubermos conviver com eles.

Não é lícito preferirmos deixar passar em branco esses ensinamentos, pela teimosia de nos acharmos sempre certos na forma de viver. É hora de entender nossa pequenez diante da grandeza do Universo e entender que fazemos parte de algo muito maior do que as fronteiras deste pequeno, bonito, mas descuidado planeta.

Para ir além dessas fronteiras cósmicas, precisamos deixar que o sentimento nefasto da Soberba seja consumido pelo amor incondicional que a tudo transforma. Sejamos crianças. Amemos sem cobrança, amemos apenas por amar, com a simplicidade como as crianças o fazem, assim como nos instruiu o Grande Mestre.

Saravá, vó Benta! Saravá, Umbanda Sagrada! Saravá a todos os Orixás! Saravá a todas as bandas que fazem o bem pelo bem! Nego Tião¹ (1- Nego Tiao: entidade que atua como preto velho por intermédio do médium Luiz Marcelo Marquesin, na mesma casa onde trabalha Vó Benta, a Sociedade Fraternal Cantinho da Luz, de Erechin –RS)
Do livro: Causos de Umbanda – A psicologia dos pretos velhos – Psicografada por: Leni W. Saviscki
Foto ilustrativa

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